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Manter online um blog e não o actualizar é, no mínimo, idiota.
Um blog é suposto ser um sítio onde, com alguma regularidade (senão diariamente) escrevemos qualquer coisita. As pequenas pausas são aceitáveis - nem sempre temos tempo para aturar a musa - mas intervalos de seis meses entre posts? Isto já não é um blog é um bibelot que não temos coragem de mandar para a venda de Natal mais próxima. Há dias em que, enquanto limpamos o pó, temos que nos conter e não ceder à tentação de, inadvertidamente, o deixar cair. Outros dias há em que pegamos nele e deliciamo-nos com os pormenores, recordamos o gozo que nos deu e mudamo-lo de posição, escolhemos um outro móvel onde o pousar convencidos que, talvez assim, talvez se o colocar ao pé da janela ou ao lado da foto da gata Matilde, ali em lugar de destaque sempre que entro na sala, talvez lhe pegue de quando em vez e, quem sabe, volte a dar-me prazer olhar para ele. Até ao dia em que percebemos que, por muito que nos custe, aquele bibelot já não tem nada a ver com os cortinados que (finalmente) renovámos ou a nova cor das paredes.
O Alpendre nasceu como todos os alpendres que fazem parte do meu imaginário. Um espaço (ao ar) livre, confortável, abrigado dos excessos da Mãe Natureza e longe do ruído do dia-a-dia onde, sem pressas nem pressões, transformava os pensamentos em palavras escritas, dispondo lado a lado coisas sérias, disparates e histórias que me moíam a imaginação. Aqui meditei, desabafei, chorei, sorri e ri, ri muito. Tivesse o Alpendre colunas de som e as minhas gargalhadas ensurdeceriam qualquer um. Por aqui passou muita gente bonita e com muito para dizer e ensinar. O Alpendre foi palco de emoções fortes e momentos de paz, debate de ideias e comédias de costumes. Também foi usado como cenário de intrigas, motivo de discordia, inspirador de descarados plágios e desculpa para vasculhar a minha vida (e a dos que me rodeiam e amo) mas há gente assim em todo o lado e não há grande coisa a fazer a não ser ignorar e lamentar as suas vidas pequeninas. Acima de tudo foi aqui que recuperei o prazer da escrita e embora tenha sido também aqui que o voltei a perder, o balanço é seguramente positivo.
Agora chegou a hora de avançar, embrulhar o Alpendre em papel de seda e guardá-lo no baú das memórias boas. Não planeava fazê-lo hoje e, como tal ainda está tudo por arrumar mas, afinal, é uma excelente data para começar.
As portas ficam abertas enquanto tiver embrulhos para fazer.
Depois... depois logo se verá!