Há cerca de 2 anos, quando me estreei nestas lides da blogosfera, participei o que fizera à família, amigos e conhecidos. Havia alturas em que ao discutir-se determinado assunto eu dizia: “Escrevi um texto sobre isso” e voltava a dar o meu endereço. Outras vezes pedi opiniões, críticas, censuras, análises, digam qualquer coisa não importa se não for simpática mas mostrem que me leram. Sei que uma amiga minha o fazia periodicamente mas nunca, nunca uma única vez tive um comentário de alguém que não fizesse parte deste mundo virtual. Doeu-me.
Deixei de dizer que escrevia.
Deixei de pedir opiniões, de discutir os temas dos meus artigos ou de falar sobre as pessoas com que me ia cruzando por aqui. Se quem fazia parte da minha vida, não levava a sério algo que para mim era tão importante, ou demonstrava sequer curiosidade, não seria eu que estaria sempre a chamar-lhes a atenção. Descobri mais tarde, da pior maneira, que afinal até me liam mas que o que eu escrevia era distorcido e preversamente utilizado como arma, contra mim. A dor foi muito maior, mas isso será uma história que não me ouvirão contar.
Por isso, desta vez, não disse a ninguém o que estava a fazer.
Nem família, nem amigos, nem conhecidos, nem sequer ao homem que partilha a minha vida. Não que tenha algo a esconder, mas não quero passar pelo mesmo. Quero recuperar o prazer da escrita, pela escrita. E não quero voltar a escrever para a gaveta. Não quero, não consigo, não faz sentido. Manterei também o anonimato nas visitas pelos outros blogs porque não pretendo a todo o custo conseguir leitores. Mas a perspectiva de alguém descobrir este cantinho e eventualmente me ler obrigar-me-á a escrever com mais cuidado, e quem sabe, melhor.
E neste momento é aquilo que eu preciso fazer.