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Há cerca de 2 dias, enquanto procurava online imagens sobre a aldeia das férias da minha infância, encontrei uma referência que me despertou a curiosidade: quem conheceria também a casa de que eu falava? Qual não é o meu espanto quando, ao abrir a página em causa, dou com um texto, palavra por palavra, vírgula a vírgula, escrito por mim e “assinado” com outro nome. A primeira reacção foi, sem dúvida, de choque. Procurei em todo o blog qualquer referência ao meu nome ou um link para o Alpendre. E na ânsia de encontrar uma qualquer pista que me sossegasse, que me garantisse que não tinha razão para a descrença na Humanidade que começava a tomar conta de mim, que as minhas palavras não me tinham sido roubadas, que tinha sido apenas uma forma desastrada de alguém apreciar o que escrevo, encontrei mais um dos meus textos, e outro, e ainda outro, e mais outro...
Confesso que me passaram pela cabeça as atitudes mais violentas em relação à dona do blog. Se nessa altura me tenho cruzado com ela não garanto que a cena fosse bonita de se ver. Como boa Sagitariana apelidei-a de todos os adjectivos menos próprios que me lembrei, esbracejei, gritei, exigi aos Deuses que me vingassem e depois de desabafar sentei-me (quase) calma e metodicamente a vasculhar tudo o que a dita senhora tinha escrito. Foi um trabalho e tanto: 3 blogs e quase 500 posts lidos um a um, o que me roubou o pouco tempo disponível que não tenho, trouxeram-me alguma paz. Encontrei 79 – sim, leram bem! – 79 textos escritos por mim, uns copiados textualmente e outros adaptados à sua suposta autora. Depois de os guardar no meu computador escrevi uma mensagem à dita senhora comunicando-lhe o que tinha descoberto e agradecendo que os retirasse dos seus blogs. Dei-me também ao trabalho de visitar todos os seus "admiradores" deixando-lhes o link para os meus originais. E descobri, entretanto, que não sou a única autora que, esta infeliz criatura, tem andado a roubar. Um a um, todos eles têm sido apagados e só por isso não divulgo aqui a identidade da pessoa em questão.
Quem usa a blogosfera fá-lo pelas mais variadas razões. Passeando pelos blogs encontramos quem escreva sobre a sua vida íntima, quem exponha ideais, quem defenda causas, quem publique pornografia, quem use este espaço para fazer amigos, para desabafar, para conseguir atenções e carinhos mais ou menos discretos, para descobrir traições ou atraiçoar. Mas também há quem o faça porque gosta de escrever e é nesse grupo que eu me incluo. Poderia fazê-lo num caderninho, como fiz durante muitos anos, mas o blog – conforme já um dia expliquei – disciplinou-me, obrigando-me a escrever todos os dias, aperfeiçoando-me, aprendendo com os meus erros, aumentando o meu vocabulário, exercitando a mente na busca de novos temas quase sempre “propostos” (mesmo sem o saberem) pelos meus leitores. Qualquer criador sabe que a publicação online (ou não !) é sempre um isco para gente sem escrúpulos. Contrariamente ao que muitas vezes vi debatido por aí, os blogs são um espaço público, uma montra imensa que pode ser vista, admirada e assaltada por todos os que têm acesso à Internet. Não é muito diferente da publicação num jornal ou em qualquer outro suporte, apenas é mais fácil o seu acesso. Se eu publicar aqui a minha fotografia serei, eventualmente, alvo de curiosidade a próxima vez que for ao supermercado, como se a minha cara viesse escarrapachada na primeira página do jornal, dependendo da divulgação do jornal ou do blog. Quando temos um blog estamos expostos ao Mundo, temos uma porta da nossa vida sempre aberta, acessível a todos os que por aqui passam, gente com valores éticos e morais mas também gente que nem sabe o que isso quer dizer. Este espaço nunca é só nosso, excepto no dia em que fechamos a porta e apenas entrar quem tiver a chave.
Daí, eu não dar importância a comentários como os que me foram dirigidos no post anterior. Houve quem estranhasse que eu não os tivesse apagado se, além de serem falsos, eram difamatórios. Tenho um ponto de vista diferente: para o melhor e para o pior acredito na liberdade de expressão. Apenas sou intransigente com a ordinarice pura. Essa não a admito, nem aqui nem em qualquer lugar onde eu esteja presente. E não admito ser roubada. Porque aquilo que me fizeram foi um roubo puro. O facto de não corrermos as cortinas da nossa casa não dá a ninguém o direito de lá entrar e roubar os nossos pertences. Espreitem, apreciem ou não, opinem, contrariem, mas não toquem. Não vos pertence, não têm o direito de o fazer. Os meus textos são os meus meninos, que gosto de partilhar com todos os que os gostam de ler, mas de que nunca abrirei mão. E sou uma fera quando se trata de os defender.