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Não vos vou dizer que conviver com alguém portador da doença de Alzheimer é simples ou fácil. Não é. É doloroso, é talvez das coisas mais difíceis que alguém alguma vez terá que fazer. É uma doença estranha, que progressivamente rouba tudo o que somos enquanto gente. É terrível para quem assiste e não pode fazer nada para a travar. Resta-nos esperar e fazer o melhor que sabemos com essa espera. E no meio do caos que se gera quando a doença nos entra em casa – esta ou qualquer outra – se tivermos sorte, se conseguirmos esquecer o medo, entendemos que nada é garantido, que a vida é efémera e que cada momento que passa é uma oportunidade, um pequeno presente que vale a pena apreciar.
Aprendi um dia, num encontro informal para cuidadores de doentes com Alzheimer, que não há doença mental que destrua a percepção dos afectos. Isto é, seja qual for a demência o doente conseguirá quase sempre reconhecer o que gosta, de quem gosta, ou quem gosta dele, mesmo que não consiga identificar nem o sujeito, nem a causa ou nem pareça reagir a esse conhecimento. A minha primeira reacção foi de alívio considerando que os afectos são algo que entendo e com que lido muito facilmente. Conheço bem o que o toque de uma mão, um abraço sem palavras, uma simples carícia, pode fazer. E como cuidadora de uma doente de Alzheimer consolou-me sabê-lo por ser algo que poderia fazer sem qualquer dificuldade. Mas o que me deixou verdadeiramente feliz foi ouvir, da boca de uma cientista, que o Amor, por vezes, é a única forma de tocar alguém que se esqueceu de quem é.
O Amor é a única forma...
Façam-me um favor: não esperem pelo tal do alemão...