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Acorda uma cidadã a pensar que é quase fim-de-semana e pimba! cai-lhe uma sexta feira 13 no colo. Não é que não soubesse, ou andasse mais distraída do que é costume, apenas não tinha ligado nenhuma ao facto. Deve ter sido pela mesma razão que só há pouco tempo percebi porque é que algumas vizinhas se benzem quando a Nini passa aqui na rua, elegante e atrevida, indiferente à confusão que provoca enquanto se pavoneia – acreditem que é o termo!- em frente a alguns habitantes deste bairro. Claro que estou a falar da linda gata preta que a D. Cremilde do 40, adoptou aqui há uns anos, para gáudio dos cães das casas mais próximas. Até essa altura a minha rua estava bem definida em termos de domínio animal: cães a este e gatos a oeste. A chegada da Nini veio baralhar por completo esta espécie de pacto involuntário, o que equivale a dizer que desde então, as noites já não são tão sossegadas como costumavam ser. É que o raio da gata, além de ser bonita, tem uma lata maior que a de todos os cães aqui da rua juntos que, acreditem, são muitos. De vez em quando, encontro-a em pose imponente em cima da minha garagem, apreciando com a displicência própria de quem se sabe poderosa, o desespero dos meus pobres cães que enrouquecem – e dão cabo dos meus ouvidos – na tentativa infrutífera de lhe provocar algum gesto de receio e impor aquilo que eles acham ser a supremacia da raça canina. Pobres bichinhos. Só sossegam quando a Nini, cansada de tanta deferência, decide afastar-se altiva e vaidosa, em passos lentos e provocadores em busca de atenção no quintal da casa seguinte. Confesso que gosto da Nini - e por vezes acredito que o sentimento é mútuo - e que só não somos mais íntimas porque ela não consegue entender esta minha tendência para recolher cães e não gatos. Na sua cabecita isto não deve fazer muito sentido.
Mas adiante que a Nini só entrou na história por ser uma gata preta, o que tem tudo a ver com a sexta-feira 13, e com as superstições que regem a vida de algumas pessoas. Não é o meu caso. Aliás, com a quantidade de espelhos que já parti, se os multiplicasse por 7, já nem tinha anos de vida suficientes para tanto azar, excepto se conseguisse reencarnar pelo menos mais 3 vezes. Quanto às escadas também não me afligem, a não ser que consideremos os andaimes uma espécie de escada, porque com esses já tive alguns contratempos desde apanhar com restos de paredes, a ver aterrar à minha frente um pobre operário que ainda hoje estou para perceber como é que não se partiu todo, e que tendo sobrevivido à queda, não morreu do coração com o grito que eu dei. Eu até nem sou de perder a calma com facilidade mas convenhamos, não é todos os dias que nos cai, literalmente, um homem do céu. Também nunca me obrigaram a sentar na mesa ao lado por ser a 13ª convidada, mas fui durante muitos anos a funcionária nº 13 de uma empresa e não me lembro de ter tido, nem eu nem a empresa, muito azar com isso. E o melhor é ficar por aqui, que quando me entusiasmo começo a lembrar-me de mais histórias e vocês têm, com certeza, melhores coisas para fazer num dia como o de hoje.
Tenham uma excelente sexta-feira 13, cheia da sorte que preferirem.
E já agora um excelente fim de semana.