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Não me perguntes porquê, ou como.
Normalmente sei quando, muitas vezes nesse preciso momento, mais vezes ainda muito depois. É assim, ponto. Pouco racional – nada racional - eu sei, mas que queres?
Nem sequer consigo definir o que é, dar-lhe um nome, explicar, definir, apresentar razões.
Se sinto? Talvez. Talvez seja um sentir.
É uma coisa de pele, um arrepiar, um desconforto. Um buraco, um vazio, como quando escrevo e não encontro a palavra correcta e deixo o espaço em branco – ou preenchido por XXXX – sabendo que, mais tarde, a encontrarei. Porque encontro sempre. Sei que a vou encontrar, muitas vezes quase no imediato, mais vezes ainda muito depois.
Até lá, não quero pensar nisso, mas não penso noutra coisa. É uma comichão, uma moinha, um latejar que não chega a ser dor, um zumbido quase imperceptível – que mais ninguém ouve, mais ninguém sente – que não interrompe o dia, não me impede os gestos, apenas existe, está, presença discreta em tudo o que faço, suficientemente invisível para passar despercebida, demasiado obstinada para ser ignorada.
Não há nada a fazer – nada que eu possa fazer - excepto cumprir os passos que me propus para hoje, as tarefas que não podem ser ignoradas e aguardar que se pronuncie, que se revele em todo o seu esplendor devolvendo-me o que me pertence e que me faz quase tanta falta como o ar que respiro.
E amar intensamente - que não há outra forma de viver - mesmo que em modo de espera.