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O meu medo maior - meu querido, meu anjo bom - é que um dia, por vontade ou decreto, se proíbam as juras dos amantes ou que desapareçam, pela mão da descrença, os suaves apertos da alma e a doce melancolia de quem se alimenta do ar que o outro respira. Que por despeito ou prudência, as gentes sensatas que se resguardam dos exageros da paixão - almas infelizes que nunca conheceram o desespero da dúvida - lancem uma qualquer maldição para cobrir de negro a luz que os meus olhos irradiam.
Como os lamento, pobres tolos convencidos, presos em existências controladas, que não distinguem o palpitar da vida do simples e monótono tic-tac do relógio que lhes determina os passos, que desconhecem que, entre as linhas do livro que escrevem a cada dia que passa, há uma magia que não se vê, que não se mede, não se compra, não tem explicação.
Que me importa que digam que a paixão me esgota, desde que as tuas ausências me visitem quando o meu coração bater em ânsias de saudade, que a loucura me espreite a cada beijo e uma febre sem tino tome conta de mim a cada carícia. Que me importa - meu querido, meu anjo bom - as promessas de dores e lágrimas, logo a mim que anseio pelo suspiro que soltas enquanto morres de desejo nos meus braços, que sei que nada se pode comparar ao calor do teu corpo enrolado no meu e que não quero outra vida para além desta.
Desaconselha-se a paixão, o exagero, o desnorteio, a ansiedade, a insensatez e esse é o meu medo maior, que por vontade ou decreto, me proíbam de sentir assim. Se isso acontecer - meu querido, meu anjo bom - o que é que eu faço, com todo este amor que trago no peito?