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Não consigo evitar. É instintivo, uma daquelas coisas que todos nós fazemos sem nos apercebermos, como quando algo nos traz memórias boas e nos transporta para onde podemos apenas ser felizes, alheios ao que nos magoa, e onde voltamos a acreditar. Aos primeiros acordes mergulho num outro mundo e deixo-me abraçar pela melodia que me aconchega, enquanto as palavras me acariciam o sentir. E sorrio. Sorrio muito.
É doce como o algodão da minha infância, simples como os sonhos de quem ama, capaz de derreter os corações mais descrentes, a banda sonora de um tempo que não tem tempo, mas o que eu gosto mesmo - assim um gostar que me faz esquecer de respirar – é aquele silêncio a que se recolhe quem se permite senti-la, o olhar brilhante, comovido e o sorriso que perdura mesmo quando a canção acabou.
Pouco me importa a Eurovisão dos brilhos e efeitos especiais, das passadeiras vermelhas que prometem glória e fama qual fogos fatuos pretensiosos. A Eurovisão que tem fama de ser palco de compadrios e alianças políticas, a mesma Eurovisão que se incomodou com o alerta para a situação dos refugiados que o Salvador teve a coragem de (literalmente) vestir.
Venham de lá os críticos que arrasaram a interpretação, a escolha da roupa e o penteado, os especialistas no evento que criticaram a pobreza da melodia, a lamechice, a ausência de coros, coreografias e espectacularidade. Venham de lá e expliquem as muitas versões que se vão multiplicando pelo mundo fora ou o olhar emocionado de quem não se cansa de a trautear. Venham de lá e tentem ouvir com o coração o que os vossos ouvidos não vos conseguiram mostrar. Cuidado, porém: é justo que vos avise que podem ficar viciados...