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Há em mim uma urgência em desbravar-te, uma sede de ti que não consigo saciar, um tudo querer que preferia ignorar, uma evidência desconhecida que se agiganta a cada dia. Por vezes mal entendo o que me dizes, perdida na visão das tuas palavras que ganham formas doces e me abraçam num regaço delicado, para logo se agitarem em emoções exageradas pela mágoa, forrada de lágrimas, que te despe por inteiro, revelando histórias marcadas pela vida, aqui uma ferida que não fechou, ali uma cicatriz quase esquecida, palavras de punho cerrado, armas-carinho doridas, esquivas, intensas, sentidas, tuas - mas não apenas tuas - palavras de uma outra língua que simplesmente se perpetua na historia de ti.
Há em mim uma urgência estranha em desbravar-te, em derrubar muralhas de receios e acreditar num mundo que apenas sonhei, que me encantou e ao mesmo tempo me intimida quando sacudiu a resignação com que vesti os dias ao aceitar que a vida não tinha mais nada para me oferecer. Mas os olhos são outros – e as dores não se medem – e só me resta fazer por ignorar temores e frases feitas, desmentindo normas e teorias gastas de estafadas, desfraldando a bandeira que me sustenta e teimosamente carrego comigo, apregoando que é preciso aceitar – se não mesmo, entender! – o que nos diz o coração.
Aprendo-te a cada conversa, a cada gesto, a cada silêncio tranquilo que se instala em nós e deixo-me surpreender pela certeza que em ti – em mim – não há fronteira entre o saber e o sentir. Mas entre urgências e mundos desconhecidos, fica-me a dúvida se te apercebes da forma como me tocas, como abalas o mundo que já não é só meu, como me afastas e agarras e prendes, até nos raros momentos em que não me pegas na mão.