Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O cansaço é tanto que só me apetece deitar para que a Sexta-Feira chegue depressa.
Mas é Verão, tempo de pés descalços e noites que parecem chamar por nós. Com os vizinhos recolhidos e, quase posso jurar, sensatamente dormindo nas suas camas, sento-me à porta de casa, só para ver o céu, em esperanças de estrelas. Acendo um cigarro (sim, acendo um cigarro) e fico a olhar para a pequena luz vermelha que brilha entre os meus dedos. Não fora o candeeiro da rua, seria esta a única luz da noite. E a dos meus olhos, talvez.
Uma rajada de vento desce o bairro sem avisar. Exagerei nestas minhas ânsias de Verão. A t-shirt de alças, descaída sobre as velhas calças de ganga, enroladas, descobrindo as pernas, não são agasalho suficiente quando o vento resolve aparecer. Estranhamente, os pés – descalços, claro – mantêm-se quentes. Não. Aconchegadamente mornos, confortáveis como se pousados na areia de uma qualquer praia e não no empedrado da calçada. Esqueço o vento, este quase frio que me quer abraçar e saboreio o cigarro sem pressa.
Não fora o candeeiro da rua, seria esta a única luz da noite.
E a dos meus olhos, talvez. Talvez.
Quando volto para dentro de casa, dou por mim a pensar que posso inventar as estrelas que quiser. E que amanhã é Sexta-Feira.